domingo, 8 de janeiro de 2017

destino cumprido...



onde estão meus anos moços
que deixarão meus olhos na escuridão
que me deixam apagada, desnudada
assim tratada com desdém
fingindo esta vida que não sou ninguém
onde está a moça sonhadora que agora
me põe louca...
que era botão de rosa a abrir
agora faz uma prece, mas a vida
não a quer ouvir... e chama-lhe louca.

vê-se a angústia no rosto cansado
no peito a saudade a morar
o tempo é um sopro que passa, que foge
afagos de amor lembro ao deitar
e ao acordar, de face enrugada
fico triste, calada, sem que a vida afronte
e nesse tempo que envelhece bebo água na fonte
e penso que Deus já de mim se esquece.

estes segredos meus que ao papel confesso
e toda a vontade que me resta como por magia
são um poço infindo onde já faleço
mas enquanto em minha mente se fizer dia
sentir-me-ei ditosa, tendo a saudade por companhia.
abandono-me ao tempo, as palavras entre meus dedos
desprendem-se inteiras, num destino cumprido
são o meu mar, o princípio e fim do tempo vivido.

natalia nuno
rosafogo



2 comentários:

  1. Saudade de outros tempos.
    Nostálgico e maravilhoso poema
    Beijinhos
    Maria

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  2. Bom dia Maria, tenho andado fora com pouca hipótese de internet, mas venho agradecer a visita e o apreço, sabe que sou chamada de poeta da saudade, talvez porque de facto a minha poesia é muito focada nesse tema «saudade», muita nostalgia, o tempo deixa-nos sempre marcas, e a poesia é sempre um reflexo das nossas vivências, o que não quer dizer que muito também seja imaginação, e o modo de bordejar as palavras...tão nosso.

    Beijinho continuação de boa semana.

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