sexta-feira, 14 de março de 2014

chorar por dentro...



Despedaça-se a madrugada
cinzenta e silenciosa
ouve-se o sino, depois a chuva prodigiosa
à distância cantam as ondas, os pinhais,
choram as crianças, os pássaros inquietos,
porquê vos inquietais?
As ruas estão escuras
meus sonhos sombrios
tantas são as agruras,
falai criaturas! Das tristezas
das incertezas, mas falai!
Como eu entendo cada vosso ai
quisera saber responder-vos
pondo o sol nos vossos olhos
libertar-vos da angústia
dessa vida que é feita de abrolhos.

Já clareia a madrugada
vive a vida, que a morte está certa!
A vida na tua mão é triunfo, é taça
passa breve, logo passa,
e a morte, é o morrer sem glória,
é um dia que se extingue,
 é o tempo apodrecido
onde tudo fica adormecido.

Ouço os sons agora do amanhecer
já não chora o sino nem as crianças
nem os pássaros estão inquietos,
só as folhas a estremecer
o rio a correr,
e eu menina com sede de tempo
olho a aurora que clareia
lanço o cinzento ao esquecimento
e vivo, como uma recém nascida
a ver de novo nascer flores azuis
de Abril
sonhos que tinham sido vida
voltam de novo com suavidade
sob o orvalho da minha saudade.

natalia nuno
rosafogo







2 comentários:

  1. Olá Natália

    Passeei na alma do teu poema!
    …e

    Aquele que se faz ouvir
    No circo sempre a brincar
    É o palhaço, que faz sorrir
    E por vezes, de alma a chorar!

    Só não chora quem não tem coração. Mas eu quero ter!

    Beijinhos

    João

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  2. Olá João

    Que bom que passaste por aqui, este poema foi escrito aqui na aldeia, eu penso que tenho maior facilidade de escrita aqui, talvez porque o silêncio é diferente, o que os olhos veêm também e o que o coração sente nem se fala, os sons os odores tudo me traz recordações...
    O meu obrigada e desejo de óptimo fim de semana.
    beijinho

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