domingo, 27 de março de 2011

A MIM JÁ TANTO ME FAZ



De penas minhas o Sol se veste
E como minha alma se sente,
Escondeu-se para lá do azul celeste
Triste como eu já se rende.
Passa p'la Terra com desdém
Meus olhos deixou em vâ procura
Agora ao pôr-se é que tem
Um pouquinho de ternura.

Passa por mim como um amante
Passa e fico enternecida
Olha-me com olhar penetrante
Mas me esquece ele e a Vida.

Viro à esquerda e à direita
Está triste a Natureza
Também minha vida se estreita
Tenho o peito nu ferido de incerteza.
Mas não houve do Sol indício
Deixei-me em mole tranquilidade
Perdi até o doce vício
De me lembrar com saudade.

E nesta ociosidade
Talvez até seja capaz
De esquecer que a idade
A mim já tanto me faz.

E o Sol se deita inocente
Cansado de largos anos
Não tem o brilho de antigamente
O tempo nos causou danos.
Trago intacta a minha fé
Este foi só mais um amargo dia
Vou fazendo finca pé
a esta Vida sombria.
O tempo tudo mudou!
Já nem sei se a mesma eu sou.
Mas amanhã se o Sol vier?
Que se levante insolente!
Que eu ainda vou querer
De novo sentir-me gente.



rosafogo

natalia nuno

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