pequena prosa
vou fatalmente falar de lembranças, pois que mais poderia ser!?
a luz matinal já ilumina as águas do rio que se precipitam açude
abaixo, como uma lágrima imensa derramada
nos nossos rostos como uma canção que nos deixa uma promessa de
frescura cristalina, o aroma que palpita no ar essa embriagadora essência é da
flor de laranjeira, de tanta laranjeira que perfuma a aldeia…nas paredes
brancas da casa uma buganvília persiste e não quer desistir, prossegue o seu
destino e em cada primavera se agarra à vida, apesar da tristeza que vem de
dentro dessas paredes, e eu tão inteira assisto a tudo isto com um silêncio de
medo que me aprisiona a alma crendo com pesar que já nada é o que era, os
salgueiros contam-me coisas incríveis, eles que assistem a tudo que se passa durante
quatro estações, que veêm nascer e morrer, que amanhecem em lágrimas de
orvalho, que olham a terra e se precipitam sobre as águas do rio, eles os loureiros tão velhos quanto eu falam-me do
passado, fazem parte de mim como o sangue que me corre nas veias e estão sempre nos meus sonhos, contam-me
mágicas histórias como em criança, quando
a vida ainda era um poema d’amor…os pássaros hoje estão ocultos e eu orfã de
mim mesmo…
natalia nuno
rosafogo
aldeia 4/2015
Uma prosa linda, cheia de poesia. Assim, a vida continua a ser um poema d’amor… e os pássaros deveriam se mostrar com todo o seu esplendor.
ResponderEliminarCom um ramo de :-)
descobri só hoje este seu comentário que muito agradeço...bom domingo...um abraço.
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