quarta-feira, 22 de maio de 2024

versos turvos...



num tempo sem idade
no meu peito nasciam brancas
madressilvas
agora, submersa até ao esquecimento
sinto os arremedos do desalento

nos versos turvos que escrevo
sinto a urdidura da vida que foi dura, 
e que a memória não deixa esquecer
é dor da saudade que amanhece
é o corpo que estremece
horizonte pleno onde volto a nascer

falta-me tudo o que ainda não amei
e os sonhos que aguardei
cada palavra um pássaro que voa
dentro de mim um coração a lastimar
a hora a passar, e não há saudade
que não doa!

o pensamento gira nas lembranças
minha alma submerge e se extravia
escrevo e novamente as esperanças
trazem a luz da aurora ao meu dia.

natalia nuno
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terça-feira, 21 de maio de 2024

como magia...




a minha saudade tem um aroma
familiar
veste-se de menina
traquina, e insiste em me desafiar

apaga as sombras que tem o dia
traz luz na sua capa de âmbar
e cobre de ouro meus sonhos,
é como se me quisesse aquietar
num mágico fulgor, instante de poesia

a minha saudade faz-se convidada,
chega em cascatas
- de ondas insinuantes
minha alma flui calada!

minha saudade, alcança-me
e desvela-se,
e o sol no coração se instala
logo a solidão de volta
quando a saudade abala.

natalia nuno
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domingo, 19 de maio de 2024

escrito na água...



quero viver e deter  
o tempo fugitivo
ser como a luz do sol
caída, só no poente!
abrasar-me no teu olhar vivo
e escutar teu riso transparente

o peso dos dias constante,
esquecê-lo neste instante

deixar que corras 
para os meus braços,
que tragas aquele alegre sorriso,
nos lábios aquele desejo
e, deixar ferver em meu coração
o desejo de mais um beijo

e neste desejo, que surge amiúde
desassossego que a tarde espelha,
olho ao longe a juventude
logo a saudade me aconselha

- esquece o que não tem retorno!
vive em paz este teu tempo morno.

natalia nuno
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