as palavras que escrevo fazem-me sede
passeiam-se pela mente
são como pássaros desassossegados
quando pressentem tempestade,
com elas escrevo saudade
meus ais, e outras coisas mais que sinto,
palavras silenciosas, que falam de amores
e rosas, entrançadas de alquimia
palavras ao acaso... minto!
se disser que não sofro o punho do dia.
palavras ardentes, que me fazem sede
turvo o rosto que se despede
palavras que em rasgada rebeldia
levam para longe a tristeza,
outras vezes minha alegria
palavras contam passos desolados,
mancham a almofada do meu leito
ao lembrar tudo quanto amei,
saudade faz refúgio no meu peito
e como dói só eu sei.
mas há sempre palavras que não perdi
que derrubam o meu verde olhar
lembranças do que já vivi
e choro de alegria, ao recordar
a vida é fugaz pressentimento
derrubada pelo peso do tempo
ainda de ternura às vezes me toca,
e as palavras escritas são sonho, ou são paixão
que envolve meu coração,
- quando me saem da boca.
natalia nuno
rosafogo