depois duma longa viagem,
o tempo, golpeou-me o rosto
agora entendo que estou de passagem
é Outono, e o sol é posto.
o silêncio aguarda-me
mas eu nego a solidão
vou pespontando sonhos como outrora
consciente que não se realizarão.
agora, a firmeza de seguir
é como um dia que nasce sem horizonte
onde o sol já não gira na minha mão.
tudo fica para trás
permanece um nostálgico sabor,
vou-me enterrando em mais um dia
lembrando, quando o viver fluía
e havia amor, muito amor havia!
há palavras que me fogem com o vento
e há imensidades de momentos
em que me refugio no esquecimento.
nas ruas longas desta vida
já se enchem de névoa meus passos,
a viagem quase perdida
e as recordações feitas em pedaços,
talvez siga em busca de mim?!
neste caminho indeciso,
à espera que meu olhar se detenha
por fim a morte venha
sem aviso.
natalia nuno
rosafogo