há luas que nos entram casa fora
nas noites em que a gente quer amar
abre-se a janela àquela hora
descobrem-nos nus, os raios de luar,
e eu fico a pensar?!
tantas noites demoradamente doces
- como é bom recordar!
há ruídos que nos afagam
para lá do tempo, nem sabemos de onde
já todas as luzes se apagam
é a hora a que o sol se esconde.
já não lembro que me dizias
nestas noites ao ouvido,
foram noites, foram dias
tantas como as rugas, que hoje
no rosto fazem sentido.
nas noites albergamos o nosso amor
éramos felizes e eu não sabia quanto,
lembro só do pudor
e mais tarde, como me atrevia tanto!
somos amantes consumidos na nossa
própria fogueira
e hoje entra p'la janela a tristeza
a saudade deita-se ali à nossa beira.
já não há luas nem raios de luar,
nem o ruído do nosso amar,
vagueia a saudade nos trilhos da memória
e traz-nos recordações das noites vivas
de glória...
tínhamos a vida toda para viver,
tudo o que nos resta são sonhos com sabor a luar,
são muitas as coisas que eu não sei dizer
o que sei da vida e da morte,
é que uma passou a correr
e a outra está pra chegar...
natália nuno
rosafogo