debandar pelos campos
abrirmos os braços de par a par
assim ficarmos até ao ocaso
pouco a pouco à solidão renunciar.
quero ser livre como a neve ou o vento
como criança que não nasceu ainda
quero voltar a viver o momento
de ser bem vinda!
não quero morrer de peito oprimido
quero assistir ao nascer do dia
pleno de claridade
abrasar-me de amor, e viver a saudade.
com silenciosa humildade deixar-me ir
a sol descoberto, e o vento ondulando
e as portas à aurora abrir
enquanto adormeço te olhando
companheiro da minha aventura
fomos tecendo uma imensa teia
como quem sonha,
vida com ternura, mas, nem sempre
risonha.
olha as nossas pegadas,
porque o tempo vai-te ser negado
a vida fica inquieta, as bocas caladas
não somos mais botões por abrir,
nem conheceremos mais o estalar da primavera
em silenciosa humildade nos deixamos ir
errantes, perdidos, na dureza da morte
que nos espera,
natalia nuno
rosafogo
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