domingo, 30 de outubro de 2022

cansaço que disfarço...





através das cortinas da alma, 
vou remando até à infância, 
nada me barra o caminho, 
e fico a boiar no poente em liberdade, 
agradeço a Deus por ofertar-me o sonho, 
e a saudade
que me permite encher o peito de seiva nova,
reconcilio-me comigo mesma, 
e em equilíbrio fica o coração
com amor de sobra, 
serena, mais lúcida, vou continuando o caminho
partem as horas, fica o cansaço, 
inacabado o sonho, 
voltam os anseios como trepadeiras
 dando-me abraço.

o cansaço disfarço!
esqueço as canseiras, 
adensam-se  as lembranças dos beijos frementes de desvario, 
suspiros do sol interrompem meu frio, 
escapo-me pelo meio desta nostalgia 
e vou vivendo, sorrindo de novo dia a dia.

natalia nuno
(rabiscos) 1972

4 comentários:

  1. Atenção: O seu blogue acusa estar infetado com vírus

    Cumprimentos

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  2. Que poema fabuloso! Obrigada pela partilha!
    -
    Pintam flores com aguarelas
    .
    Beijo. Bom fim de semana!

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  3. agradeço a Deus por ofertar-me o sonho,
    e a saudade
    que me permite encher o peito de seiva nova,
    reconcilio-me comigo mesma...

    Boa noite de domingo, querida amiga Natália!
    Que lindeza de prosa poética!
    Escrever disfarça bem o cansaço... Até chega a relaxar mesmo.
    Vamos para lindas lembranças, independentemente dia tormentos e rebuliços diários.
    Feliz de quem poeta com tanta sensibilidade.
    É um refrigerio!
    Tenha uma nova semana abençoada!
    Beijinhos

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