segunda-feira, 23 de agosto de 2021

aldeia que me viu nascer...




sobre o que me vai no coração,
e na lembrança...  a aldeia que não se esquece, a que era menos alindada, menos evoluída, muito mais rural, com o rio que não respeitava as margens ía beijando furiosamente a aldeia e alagando as hortas, aldeia de cheiros característicos, que não saem do nosso olfacto apesar de passarem anos, a farinha no moinho. a fermentação dos figos, o lagar de azeite, e até o cheiro dos panos da azeitona... aldeia de pomares em flor, das promessas de amor pelas vielas, das procissões de colchas nas janelas, de caracóis e velas acesas, dos rapazes no largo da praça, do jogo das cântaras entre eles e raparigas no largo do poço, as mesmas moças que se bamboleavam com graça de enfusa à cabeça quando por eles passavam, aldeia dos sinos a tocar  p'las dores dos que partiam e dos que ficavam, há coisas que doem lembrar, o adro e a igreja, com a escola ali ao lado, onde fomos felizes e já cheios de sonhos...por tudo isto a saudade, lembro também as andorinhas que gorjeavam imperturbáveis nos beirais, e, lembro muito mais, deixo-me levar nas asas dum passarinho, ressuscito a adolescência e caminho contigo de mão na mão, até ao teu coração me enrolar como uma trepadeira, pois esquecer-te não há maneira...a vida passa e a força declina, surge no pensamento um turbilhão de lembranças, aí me vejo menina a jogar à apanhada com outras crianças.

natalia nuno
imagem pinterest

2 comentários:

  1. Lindo este recordar e reviver um tempo de feliz idade.
    Ah, como daria tudo para voltar a viver os que ficou
    num passado de historias, de gentes e coisas que não
    se vê mais. O sentimento acelerado em meio à toda emoção,
    de ter tido uma infância que não deixa morrer aquela criança.
    Que esta esteja sempre viva em nós.
    Uma linda semana amiga.
    Beijo de paz no coração.

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  2. Verdade amigo, a saudade fala sempre mais alto, principalmente quando recordamos os nossos , a infância, os recantos tão presentes ainda na lembrança, o conforto e a segurança que então recebíamos dos pais e outros familiares que cuidavam de nós, fui uma criança afortunada, sempre no meu da natureza onde a fruta não faltava, o rio nos enchia de brincadeira, o sol brilhava mais que agora e os serões a ouvir histórias antigas eram bem mais interessantes. Tudo passa e tão rápido...

    UM BEIJINHO ESTIMADO
    amigo Toninho

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