sexta-feira, 23 de julho de 2021

a beleza da hora



a memória já se esquece
às vezes aparece como filme sem côr
vai e vem parece um final de amor
perturbada, como que a chegar ao fim,
e lá fico pobre de mim,
um nevoeiro, a cobrir-me a lembrança
por inteiro.
hoje trago a brisa por adorno
e meu rosto fica de prata
mas amanhã dá-se o retorno
e vem a solidão e por dentro me mata.
fico sem entendimento
meus passos perdem-se entre os demais
cala-se a voz velhíssima em lamento
escondendo meus ais.

a memória já se esquece
de tudo tão desprendida,
enquanto o corpo desfalece
tornando difícil a vida.
só o amor, a alma revigora!
já não importa a ruga no rosto
amanhã é outro dia,
dentro de mim trago a beleza da hora,
condenso o que dentro sinto
e a noite me anuncia,
amar mais uma vez, pressinto!
ressuscito as minhas mãos para a ternura
e fico grata com tanta ventura.

natalia nuno
rosafogo
imagem pinterest



2 comentários:

  1. Olá, querida amiga Natália!
    "vem a solidão e por dentro me mata.
    fico sem entendimento
    meus passos perdem-se entre os demais
    cala-se a voz velhíssima em lamento
    escondendo meus ais."
    Tanta intensidade num poema que culmina com ternura.
    Que linda ventura, amiga!
    Seja feliz e abençoada!
    Beijinhos

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  2. Grata querida Rosélia, teus olhos leram o poema com a ternura do teu coração, fico feliz que te agradasse. Bom fim de semana.
    Um beijinho com muito carinho, fica bem.

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