quinta-feira, 10 de junho de 2021

já nada é como era...




as rosas chegaram, abriram-se ao beijo do sol com gratidão ao rubro, vagarosamente ao lado foram abrindo os malmequeres, e eu imóvel na janela, pensando se ainda me queres!... o tempo é escasso, daqui a pouco morrem as rosas, vai-se o cheiro das mimosas e secarão as searas generosas, os pássaros abandonarão os ninhos, e os nossos caminhos?! rasgo de emoção, como foi efémera esta estação.

a vida será um beco sem saída, ficará embaciada a alegria, saltará de repente o dia para o escuro e o silêncio,  ainda que eu conserte as palavras com harmonia, azeite e mel, serão dias de fel, que só se recompõem numa demolhada saudade... a lembrar o sol havido, a luz no coração, os sonhos de domingo, as roupas pelo chão, o envolver dos nossos corpos, a esperança, o carinho e a vastidão do caminho ainda a percorrer, o escorrer de vida e de promessas, o desejo em furacão, essa estação de mil folhas!... já nada é como era, os sonhos não voltarão, nem os olhos com que me olhas...

natalia nuno
rosafogo

5 comentários:

  1. Poema belo de ler mas muito cético. Está mesmo assim tão arrasador o tempo que vivemos?
    Pois, olhando à Pandemia, se calhar está mesmo. Mas temos que ter fé que tudo. com o tempo, irá melhorar
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    Para todos os portugueses, um feliz feriado
    Para os não portugueses, tenham um dia muito feliz.
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    Pensamentos e Devaneios Poéticos
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  2. Olá, querida amiga Natália!
    Gostei muito do vamos ver se ainda me queres... Tomara que sim, amiga!
    As flores se aplicam aos amores e dores.
    Roupas pelo chão é sinal de bem-me-quer...
    Seja feliz e abençoada!
    Beijinhos carinhosos e fraternos

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  3. Obrigada querida amiga, poesia é assim mesmo amiga, nem sempre tem a ver com quem escreve, alias tem a ver com o estado de espírito de quem a cria, mas não passa na maioria das vezes de ficção, no entanto amiga a minha tem muito de meu, das minhas vivências, do meu passado...
    Tem um dia feliz, por cá comemoramos o dia de Camões, esse famoso e grande Poeta, que morreu só pobremente sem glória o que entristece.
    A vida às vezes é injusta!

    Um grande beijinho
    tudo bom.

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  4. Às vezes um pouco descrente sim amigo, a vida nem sempre corre de feição, mas o poema é uma criação terá algo de meu, mas na maioria será ficção... consoante meu estado de espírito assim sai um pouco mais alegre ou então triste.

    Obrigada pela vinda e comentário, óptimo dia.
    Abraço


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