na dureza do chão, sentada, colhia bagos de uva branca até o sol afrouxar e os comia ali mesmo...
num tempo, quando ainda sem saber o porquê da solidão, quando trazia em mim ainda a palavra hesitante, e nem percebia porque era feliz, vivia serena na pequena abundância... corriam os dias como a água do rio, sem que a teia do tempo nos incomodasse a (nós crianças), só nos importava o cheiro das coisas boas...pão no forno a cozer, a sopa da mãe a fumegar, o café de cevada da avó nas brasas da lareira...assim se abraçava a vida, se aguardava a cada manhã o calor do sol, a chegada da chuva, o milagre das sementeiras e o luar das noites brandas e serenas de namoro, tão propícias ao amor... e eu lá, na magreza do corpo, ensopada em sonhos, rimando quadras singelas, na sede de procurar algo em mim, que me adoçasse o caminho, afogada em esperanças que inda hoje ninguém me consegue roubar, são elas a frescura com que sempre recomeço a talhar novas palavras...com candura, como se plantasse urze ou alecrim...saudades de mim!
natalia nuno
rosafogo
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