sábado, 2 de janeiro de 2021

sonho e realidade...



que vai ser de mim agora?
da vida só lembranças trago,
ninguém me traz novas de outrora
e o presente é tempo amargo.
meus pensamentos andam nus
dos sonhos é pouca a luz
mas neles me refugio,
a vida é uma estrada longa
uma viagem, um rio,
boa parte já percorrida.
tristeza às vezes sentida
às vezes o credo na boca
sentimento que passa e
logo uma alegria louca.

o que era já não sou
que o tempo não perdoa
o que era, por lá ficou!
daí que a lembrança me doa.
o coração me tem viva
assim vou somando idade
brado de cansaço por estar cativa
de liberdade trago saudade.
sinto-me assim descontente
nos tempos que vão correndo
que o viver luz me acrescente
tamanha sorte vivendo,
até que Deus queira eu vivo, sou, e sonho
da vida não abro mão, vou escrever
versos a eito enquanto dure minha visão.

natalia nuno
rosafogo

sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

no silêncio das minhas horas...





as memórias do passado
são como filas de formigas, caminhando
em meu pensamento, que cansado,
as revive, as escreve e ao de leve,
as deixa em versos abandonados,
ignorados,  e são o valor que me resta.
versos de recordações nascidos,
com odores de amor e saudade
salpicos de ternura, dados e sentidos,
outros ensombrados de temor e ansiedade.
no silêncio das minhas horas
a que não sei como escapar
e a memória vai ficando consumida
nesta magra liberdade.
para acalmar a ânsia
meus dedos vão dedilhando
palavras que ardem
e abandonando no papel em branco
tudo o que de mim sabem.

e a vida confiada aos dias
vai procurando a resposta
e tenta este tempo decifrar,
quando acabará a experiência da solidão,
quando pode o coração livremente pulsar
seguir caminho e amar com paixão?
cada instante é cercado de solidão
é noite, levantam-se as estrelas,
acendo velas, resta aceitar
as regras que nos encheram de abulia,
até a noite acabar, e voltar a ser dia.

natalia nuno
rosafogo





Gratidão...

 

A todos os amigos que visitam o «ORVALHOS POESIA». Obrigada por estarem sempre presentes na minha poesia..............do dia 26 ao dia 31/12 o blog atingiu 1000 visitas, pelo que me sinto muito orgulhosa e muito agradecida. Bom Ano para todos!

quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

pálidas sombras...




as paredes antigas fascinam-me... ninguém, nem o tempo consegue tirar-lhes o ar misterioso, guardam segredos dos que perderam o norte, deixando saudade, ou quem sabe sabor amargo com a sua ausência...parece que alguém aguarda por detrás das janelas ... quando as olho, consigo abstrair-me da realidade... quando a chuva cai do céu e o vento não cala, mantêm-se nelas as cores sombrias duma primavera empalidecida, resta o sol na memória de primaveras risonhas dentro das quatro paredes... fico no sonho, o outono cala as minhas sombras, desespera por cobrir a solidão que se faz sentir no meu peito, apesar da beleza, a folhagem vai caindo como um pranto ao acaso e sem medo é levada pelo vento norte à sorte...as folhas são lembranças soltas, virá de novo a primavera dar-se-à o renascimento, só a vida não volta....as paredes sombrias ainda de pé, choram de solidão, calam a saudade dos que partiram...ouve-se o lamento e o som dos meus passos buscam em vão!


natalia nuno
janeiro 2010


a solidão me sobra...



sem palavras nem sonhos
esvai-se a vida como rio 
que se afastou da nascente,
não me amo inteiramente,
sinto o coração vazio!
trago as palavras silenciosas
já meu rosto não me reconhece
nem os dedos cantam quando escrevo,
nem abrem no meu peito as rosas.
quando o dia anoitece,
em mim a noite se dobra
e a solidão me sobra.

levo a boca perfumada dos teus beijos
no coração a leveza do vento
e os desejos no olhar desatento.
quando tiver gasto o último olhar
ainda assim hei-de sonhar,
e chamar por ti na minha solidão
o inverno não será a última estação
nenhuma fonte morre enquanto 
a água corre...
assim será em meu coração,
esqueço os passos do medo,
e levo o tempo a amar-te em segredo
meus dedos já não escrevem saudades
despiram-se de palavras saudosas,
nem aves cantam nas tardes
nem abrem no meu peito as rosas.

natalia nuno
rosafogo

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

um pedaço de mim...

 

já o sol envelhece
desce devagarinho sobre o horizonte
cauteloso, como se fosse um pobre indigente
já não tem a força de gigante
com que os frutos amadurou
veio o inverno e num instante
umas lagrimas soltou.
nasce agora por entre ramos nus
fraca é sua luz.
também minhas alegrias não sei
onde as deixei,
o cansaço e a viagem me tolhem
e meus olhos antigos, não há dia,
que meu rosto não molhem.

falo de esperanças e madrugadas
para esquecer a solidão
lembrar as coisas passadas
e as que virão, 
para não me sentir só
e de alegria gritar sem sentir
na garganta um nó
que o sol que envelhece no poente
agora quase branquinho como o algodão,
volte a sorrir bem quente,
e me tire da solidão.

natalia nuno
rosafogo

sei de mim...




o pensamento assegura-me um mar de sonhos, com aromas arrancados de vermelhas rosas, e nas sombras das palavras, viverás para sempre nas areias desse mar, hei-de despir-te com a ponta dos meus dedos e, nesse instante de fogo, quero-te na inquietude desta minha sede, quando o sangue brota e o coração pulsa...há begónias que florescem na minha saudade, e açucenas tristes que olham meu rosto,  trago teu nome escrito no meu peito, quero um abraço forte e tudo o que vem de ti aceito... diz-me o pensamento que te  mereço, mas sem um mar de sonhos, enlouqueço! solto um grito de verdade, quero morrer, renascer e voltar a amar-te, para de novo te perder... nesta magoada saudade.


natalia nuno