as sombras fatigadas
dos velhos
que sentem a idade
seus olhos vivem na obscuridade
e assim permanecem sem esperança
escondendo-se ainda nas saias da mãe
como em criança,
são sombras desprendidas de vida
em pleno entardecer
submersas no destino da tarde
e na saudade de lembranças perdidas
acariciados apenas p'la nostalgia
atravessam o inverno de olhos fechados
são uma história antiga
onde acabam mal amados.
trazem no rosto ainda o ardor da terra
como entranhada em suas raízes
e a dor de ter que deixar o mundo
nem lembram se houve dias felizes
apenas se esquecem num silêncio profundo
sonhos vãos e nas mãos
pouco ou nada
na boca uma lamúria disfarçada
é pouco o que os nutre,
do sempre ao agora
houve sempre um abutre
chegado na hora
jorna parca, vítimas da escravidão
como parca a felicidade alguma vez
sentida no coração.
natalia nuno
rosafogo
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