segunda-feira, 9 de novembro de 2020

pois até de amar-te já passou da hora!




oiço o papel rindo das minhas palavras
mal comecei a escrever,
colocou-me mais uma ruga, rasgou-me o coração
mas jurei renascer,
com doce apego e obstinação.
há um cisne branco na manhã distante,
no lago das palavras que escrevo
e a minha memória ofegante flui
lembrando-me se devo ou não devo
silenciar no poema aquilo que sou e fui.

papel branco que ri da minha caligrafia
na sua brancura só vejo minha alucinação
e o silêncio me toca, fica a mente vazia,
e mudas as palavras na mão...
e eu que te sonhava em cada linha
com toda a plenitude do meu ser
deixo a palavra linha a linha... a morrer!

neste infiel papel branco
mais poemas não lavrarei, fica sobre a mesa
ignorado e vazio, o poema em que te amava
com certeza, são agora linhas
dum deserto inóspito e frio
onde o presente se perde no passado
num mar de tempo que trago a meu lado.
velhas as linhas das minhas mãos,
descansarão agora...
pois até de amar-te já passou da hora!

natalia nuno
rosafogo
imagem pinterest




 


6 comentários:

  1. Poema divino que amei ler. Elogio (muito) a inspiração e criatividade poética que leio aqui sempre fascinado
    .
    Uma semana feliz
    Abraço

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  2. A cada poesia, mais inspiração, Natália! Adorei! bjs, chioca

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  3. Nunca é tarde para quem sente a poesia como tu a sentes e no-la transmites, Natália!

    Abraço grande

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  4. Agradeço amigo Ricardo as palavras de apreço aqui deixadas.
    Desejo uma boa noite, e
    deixo um abraço

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  5. Querida Chica, agradeço a tua visita e apreço ao poema.

    Beijinho

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  6. Vale sempre a pena a partilha, quando me surgem palavras tuas que me estimulam a
    continuar.

    Obrigada amiga, boa noite para ti, desejo que estejas bem.

    Abraço-te

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