um pouco de tudo, um pouco de nada
vou à frente, vou cansada.
espero a vez...
porque me olham? Ah sei... talvez!?
porque nenhum de vós conhece a caminhada.
cada dia é um milagre a acontecer
e o coração começa a apertar-se
mas eu quero escrever, escrever...
até sentir a morte a mim a chegar-se.
vai longe o passo da partida
aproxima-se o passo da chegada
caminhei tão distraída!?
que cheguei em menos de nada.
trago comigo a dor da saudade
mas enquanto escrevo sou imortal
mesmo agora que já é tarde
escrevo, escrevo e afasto o mal.
escrevo, ignoro para quem
escrevo palavras despretensiosas
quem sabe não haja alguém!?
que sinta nelas o odor das rosas.
eu sei que vivo de ilusões
mas trago ainda a coragem
ao escrever, passam todas as aflições
e até esqueço que estou de passagem.
esta escrita não me dá tréguas, tenho de escrever
podeis até rir à vontade
hei-de escrever até morrer
depois? depois podeis tudo rasgar!
enquanto me der saudade
de tudo quanto amei e hei-de amar
cantarei, até à loucura,
tal é minha necessidade.
desta doença sem cura.
natalia nuno
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