sábado, 18 de janeiro de 2020

passam as tardes...


anda o corpo devastado pelos invernos
ficaram pássaros perdidos na primavera
fugiram do céu os azuis eternos
e estranha o coração dorido por quem espera
passam as tardes e a chuva faz-se ouvir
sobre meus dedos nem anéis, nem felicidade
e o poema a um passo de fugir
e mais uma linha quebrada entre mim
e a saudade...

surge a noite e nem uma estrela nova
inicia-se o sono a amadurecer-me os olhos devagar
nem poema, nem trova
e o sonho acaba em ondas mansas sem se molhar
entra-me a chuva pela janela da alma
a molhar os ninhos do pensamento
e o coração embrulhado de frio perde a calma
e com saudade entra em sofrimento

e o corpo devastado a não querer trair
rende-se à esperança que o vem agasalhar
mas vai-se o tempo dourado a despedir
e nos sonhos as giestas estão a embaciar
as palavras fracassam, não haverá poema
já não falamos a mesma língua
por muito que de dor minha alma gema
morreremos procurando o que nunca
se encontra, com saudade e à míngua.

natalia nuno
rosafogo

2 comentários:

  1. A nostalgia exala de cada verso do teu lindo e inspiradíssimo poema querida amiga
    Beijinhos

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  2. Querida Gracita a nostalgia está presente em toda a minha escrita, embora eu não seja uma pessoa triste, é este meu modo de escrever, quase sempre o tema é a saudadee o tempo que nada traz de volta, é no fundo o desabafo da alma que vê o corpo a envelhecer...poderá dizer-se que é intimista pois exponho muito meus sentimentos, mas é o que sei escrever amiga e fico feliz por receber o apreço de quem sabe tão bem poetar como tu.

    Boa semana , um grande beijinho e obrigada pela visita ao blog.

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