terça-feira, 7 de janeiro de 2020

morrem nenúfares no meu peito



no telhado a chuva cai miudinha
e ao ouvido parece ladainha,
os gatos escondem-se debaixo dos beirais
as chaminés fumegam
lá em baixo recolhem-se os pássaros
nos canaviais,
densas as imagens na memória
meu chão e meu tecto
minha história...e as lembranças
me pegam,
nas asas do outono adormeço agora
morrem os nenúfares no meu peito
quase do inverno é chegada a hora
na primavera deixei o amor perfeito

passam os dias por mim e eu teço
estrelas, à noite me dou
deixo-me apanhar, no amor tropeço
e em rosas cadentes a saudade chegou

e a chuva miudinha bate no telhado
em mim o amor toda a noite dormiu
e no fim do dia aparece o sol molhado
tingido de medo todo o dia não abriu
vai o outono caindo ao chão
traz desnorteada a claridade
amanhã será outro tempo já de pensar
a solidão, e lá surgirá a saudade,
de novo ao coração.

natalia nuno
rosafogo




2 comentários:

  1. Tão suave e doce como são as deliciosas lembranças
    Poema lindíssimo, Natália
    Beijinhos

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  2. Grata querida amiga pela visita e leitura do poema.

    Este poema foi escrito no Sul no penúltimo dia do Ano, fui fazer a passagem do Ano no sul do País e como na primeira noite não tínhamos luz, o parque estava cheio de estrangeiros, ficámos num recinto fora dele, é certo que temos luz dum painel solar pequenino, mas não se pode ligar muito tempo a televisão, e eu como não sou de dormir cedo, fiquei a escrever, na minha casinha rolante e como sempre lá vai a memória uns bons anos atrás.

    Beijinho Gracita, boa semana e que o Ano te traga muitas coisas boas.

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