quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

um punhado de palavras...



trago um punhado de palavras
algumas banais
que habitam em mim...
nelas vogais que falam demais
e consoantes fulgurantes
que ressurgem como gaivotas
palavras de sonhos,
palavras mortas,
adjectivos que gritam
metáforas musicais
e as tais vogais
que falam demais.
moldo-as à minha maneira
as sílabas soletram a vida
palpitando no coração
os gerúndios amando, arrebatando
escutando e penetrando
a memória no calor da noite
pondo-me velha a lembrança
de quando era criança
palavras que são fantasia
não sentem a dor de que me queixo
senão meu mal lhes contaria!
mas contada por elas não deixo.

palavras, utopias
nos meus versos as cantei
nada me impede de lembrar,
quantas vezes as encontrei
desistindo, de por mim esperar

natália nuno
rosafogo
escrito em 1988

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