sexta-feira, 3 de maio de 2019

saudade a ventura guardada...



era manhã ainda quando os pássaros
visitaram as lezírias das minhas mãos
a trazer luz à minha luz remendada
e logo um feixe de emoções, de razões
e de esperanças, as levaram à febre que as queima,
onde a saudade sempre teima
palavras descem do ninho e vêm beber às minhas
águas,  lanço nelas minhas mágoas
conservo em minhas minhas mãos a luz que decai,
e p'los dedos escorre uma gota de saudade
que do coração até ao olhar me vai.
sou um vulto de sombra aqui sentada
perdi o tapete que se me estendia à minha frente
outrora
nada, nada, só a lentidão na hora...

povoa-me sempre uma história
como se fosse nova, e é doloroso sentir-me
enganada,
apago os olhos e navego
no rio do tempo, numa ventura que desce
ao meu peito, e não me entrego.
há-de a vida cumprir-se
há-de esfriar a solidão
meus olhos hão-de acordar e abrir-se
esquecer o peso da escuridão
e, no consolo da noite hei-de abarcar
a vida com amor, traçar o fio do futuro
as flores ainda hão-de brotar no jardim
vou ouvir um pássaro cantar, com doçura,
só para mim...até ao fim.

natália nuno
rosafogo
imagem pintarest





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