terça-feira, 15 de maio de 2018

Grito em silêncio...



trago meu grito rouco
insuportável, a doer
num desespero louco
ah! quem me dera saber
dar voz a este poema errante
mas nenhuma inspiração neste instante.
nesta primavera breve, nenhum sentimento
preciso, até a saudade é fugidia
eco do  vento, melancolia
esqueci minha voz
ignoro a cor do olhar
a lágrima atroz
que não desprende
é talvez um misto de saudade
a calar, este grito
sem gritar.
ave presa, a querer voar.

voar, voar...ser de novo pequenina
crescer, viver em liberdade
ser viandante peregrina
num tempo de saudade,
esta sede que trago
ousar-me partir à aventura
rasgar o amargo da solidão
e soltar este grito que calo
em vão.

natália nuno
rosafogo


4 comentários:

  1. Sempre uma longa nota de amargura a temperar a expansividade da tua poesia, Natália.

    Abraço-te, amiga.

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  2. Olá querida Maria João, acredita que tenho saudades dos nossos primeiros tempos, quase todas as noites comunicávamos, era muito bom, era novidade e termos amigos que nos davam umas palavrinhas era o máximo, digo-te amiga era feliz, agora já me cansa um pouco, estes dias tenho tirado um tempinho para passear um pouco... e quero dizer-te que foi uma surpresa maravilhosa a tua visita, bem hajas, desejo que estejas bem de saúde e deixo uma afectuoso abraço.

    quanto à poesia é este o meu jeito, o meu lado melancólico, vou escrevendo sempre pois se tornou uma cegueira... obrigada.

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  3. Quem dera poder dizer-te que sim, que estou bem... infelizmente estou com uma fractura de trauma/esforço na segunda vértebra da coluna lombar e condenada a uma quase total imobililidade, embora ainda consiga dar alguns passos muito,muito doridos.

    Também eu tenho saudades desses tempos de desgarradas :) Eras tu, o Manu e eu, por vezes noite afora...

    Não importa, nem me parece que seja uma forma de cegueira, essa tua poesia melancólica. É a tua marca, a tua traça, o teu ADN poético!

    Um grande, grande abraço, Natália.

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  4. Deixaste-me emocionada, porque eu ter o privilégio de ser tua amiga, tu que és tão grande na poesia, e elogiares a minha tão singela, só posso considerar-me uma pessoa de sorte Mª João, digo-te francamente... fico triste por não saber-te bem de saúde, ainda que melhoremos nunca podemos esperar grande coisa daqui para o futuro, os meus problemas também são no andar, estou cheia de artroses nos tornozelos e joelhos e imagino o teu padecer, mas sei que és forte vais ter dias ainda de felicidade e alegria.
    Gosto muito de ti amiga, já lá vão uns bons anos, tive o imenso prazer de te conhecer, tenho os teus livros comigo e terei todos os que ainda vierem, conta com a minha amizade sincera.

    um beijinho e as melhoras... só agora respondi porque tenho andado por fora, sabes que empatámos dinheiro numa autocaravana e dela não temos usufruido muito, então lá fomos dar uma voltinha mas o tempo não ajudou.

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