quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

liláses tardios



amanhece, o quarto de sombra carregado
é a solidão dos dias cinzentos
em mim, lamentos, o pensamento calado
mergulhado num mar profundo
onde a luz não faz morada
penso na vida sem regresso
para a terra fria virada,
na manhã tropeço
no orvalho escorregadio
saio do submerso vazio onde perdida
vejo a vida a envelhecer
só o coração guarda a vontade de viver
a janela nem vou abrir
olho por dentro do vidro a lacrimejar
e não é nada, absolutamente nada o meu sentir
é o tempo... o coração a esquartejar.

como se pode matar as memórias de vez?
como pode este dia ser tão triste...
talvez, que os liláses tardios esquecidos
no jardim, falem por mim...
deito a cabeça sobre a almofada
sinto-me avezinha assustada
o vento ronda a janela fazendo alarido
fala-me uma língua estranha em tom comovido

ficam as horas penduradas
esqueço a janela a lacrimejar
foram-me as lembranças arrancadas
que faço da saudade quando ela chegar?!

natália nuno
rosafogo






2 comentários:

  1. Tão nostálgico, saudoso e maravilhosamente belo.
    Natália desejo-lhe um excelente ano pleno de tudo de bom
    Beijinhos
    Maria de
    Divagar Sobre Tudo um Pouco

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  2. Olá querida Maria, prazer imenso encontrar-te aqui no «orvalhos Poesia», fico muito lisonjeada com tuas palavras de apreço ao poema, é bom receber palavras amistosas, bem hajas.
    Também te desejo um ano muito bom, que sejas muito feliz e com muitos sonhos, porque é muito bom sonhar.

    Um grande beijinho,
    vamo-nos falando, és uma simpatia, muito obrigada.

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