com laço de seda cingi a cintura
fiquei a menina da brincadeira
ouvi as vizinhas dizer com ternura
sai à mãe quer queira, ou não queira
debruço-me à janela, o mundo é meu
ouvindo as pombas num arrulho louco
já se põe o sol, escurece o céu
e os lírios vão crescendo. pouco a pouco
mil vezes se repete minha imagem
nas águas do rio que corre por perto
a mágoa vive o sorriso está de passagem
já nada regressa e é o futuro incerto
surge a dama da noite, toda claridade
adormecem as margaridas no monte
preciso de afecto mas vem a saudade
que percorre hoje e amanhã m' horizonte
e as bonecas de trapo sorriem pra mim
choram os salgueiros a sua solidão
com as tílias em pranto vão chorando assim
mas a mágoa é minha consomem-se em vão
já não sou menina sou mulher feita
sou raiz funda agarrada a este chão
a palavra é minha garra que quero perfeita
só o tempo me traz profunda solidão
pode a saudade gritar-me na garganta
pode o vento voltar de novo quedando-se no jardim
narcisos deixarei em poesia ...tanta!
que também restará saudade de mim...
natalia nuno
rosafogo
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