pequena prosa
a frondosa ramagem que avisto da janela dos meus olhos, é a que
tantas vezes aparece nos meus sonhos, repetidamente, como se fosse uma armadilha
do tempo a querer dizer-me que não saí da margem do meu rio de árvores
frondosas, que sou ainda aquela menina que vai lavar ao rio, que corre
despreocupadamente pelo açude... e a minha pobre memória que já tudo confunde,
acredita…e então escrevo poemas de amor em letras
que ficarão para sempre com a impressão que a juventude ainda em mim habita…
uma hora, um dia, um mês, um ano mais, não importa, há sempre um
instante de felicidade que me aguarda, o amor é o sonho dos sonhos é a
felicidade, e só o sonho comanda a vida... mas é nesta loucura, cansada, que vou
morrendo todos os dias mais um pouco, esquecendo mais um pouco, desgastando a
vontade mais um pouco, com a solidão mais presente, com a dor mais persistente,
e a última esperança a adormecer…o desânimo a percorrer-me as veias, parda a minha alma, as palavras a fugir, perdida a audácia que me restava de menina, mas que estação sombria!...resta-me que me abras os braços e me acolhas, bastando-me esse instante, que será o instante de todos os instantes a provar a força que nos une. Na casa dos meus versos há nostalgia, há palavras submersas no crepúsculo, e na mente um inventário de recordações, um jardim onde rasgo emoções, e um passado que escuto, mas já não alcanço...
natália nuno
rosafogo