palavras escritas com o coração, em qualquer verso está vazada a saudade poética que a memória canta. A fascinação pelo campo, o idílio das águas, a inquietação o sonho, a ternura o desencanto e a luz, toda uma bagagem poética donde sobressai o sentimento saudade... motivo predilecto da poeta. visite-me também em: http://flortriste1943.blogs.sapo.pt/
terça-feira, 21 de abril de 2015
coisas da minha cabeça...
pequena prosa
a forma antiga de escrever certas palavras já não se usa, mas eu sou como o salgueiro, posso até vergar um pouco consoante o vento, mas na escrita continuo arraigada ao modo como me ensinaram e faz tempo!
- a língua materna não pode andar ao sabor do vento, se ela é a nossa pátria temos que a respeitar, eu acho-a tão bela, tão bela, que desespero por vê-la indefesa.
ai!!!!! mas passou repentinamente um melro e cortou-me o fio dos pensamentos, não importa, deixo afastar as ideias, pois de que serve matutar na escrita passada se agora existe a moderna sem acentos, com letras arrancadas à força, e se de facto nem estou de acordo, para quê pensar no assunto!?
- estou tão longe do tempo em que aprendi!
- mas hoje prefiro estar atenta aos últimos raios de sol sobre o rio que daqui a pouco desaparecem no horizonte, deixando-me a pensar onde irão depois de nos deixarem na escuridão, possivelmente irão aquecer as cores esvaídas de algum inverno, o sol está sempre decidido a dar vida a tudo por onde passa, enquanto isso, estou já a olhar a alameda dos astros, agitada pelas memórias que o vento me traz nem sei de onde...
- tenho esperança que amanhã vou vê-lo nascer de novo a gritar de alegria aqui nas minhas hortências... os tempos são outros, o passado sinto-o sólido em mim e sinto-me constrangida quando leio palavras torturadas porque lhes tiraram o sentido...eu escrevo de acordo como me foi ensinado com brio, submeteram-me a exame e não sei outra forma de escrever e nem quero aprender.
- faz tempo escrevi um poema que se chamava «morreu a última rosa amarela» e agora a surpresa em mim, a roseira trouxe de novo aos meus olhos meia dúzia de rosas amarelas fragrantes que me olham num silêncio ternurento e parece ouvirem as palavras tolas que me saem da boca nestes momentos tão nossos.
- nos meus sonhos mais ermos, há sempre o resplendor da erva molhada pelo orvalho, onde eu sentava para ler as primeiras letras numa manta estendida pela avó logo que o sol nascia, pela frescura da manhã e na presença das coisas que eu amava pois esse era o mundo, o meu mundo agora quase lendário... onde havia o ar odorífero das flores de laranjeira e rouxinóis que cantavam enquanto eu lia, esses continuam vivos cantando em mim quando eu vou ao encontro do sonho.
natalia nuno
rosafogo
Lindo, já não se escreve assim, mas também ninguém ler. Pena que a realidade tenha ficado tão fria...
ResponderEliminarObrigado caro amigo, pela leitura e comentário. Escrever é sempre um prazer e partilhar com quem gosta de ler um sentimento sem igual, por isso agradeço de coração a visita.
ResponderEliminarMeu abraço