domingo, 14 de dezembro de 2014

o fulgor do sonho



sou como o fogo não me detenho
trago comigo a força do vento
no peito uma trepadeira a florir
a memória renascendo, donde venho?
dum sonho maior quase a ruir
venho do tempo sem tempo
da noite e do dia
da memória e da desmemória
do mundo da utopia...

sou labirinto de palavras usadas
arco íris de metáforas esquecidas
desolações que trago caladas
agonizo mas renasço
sempre em outras vidas
não sou navio encalhado
trago sim no coração a negação
dum destino malfadado

sou a noite e o dia do meu corpo
trago o canto consumido na voz
a cada dia  me olho, realidade atroz
sou fogo sempre a arder mais alto
rajada de vento no arvoredo
trago a vida em sobressalto
mas encaro o futuro sem medo...

sou a que ama a natureza e a liberdade
o sol que se abre na planície
vou ser assim até morrer
dou asas ao meu vôo e levo saudade
e a abrasadora sede de mais viver

natalia nuno
rosafogo

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