quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Guardo o sonho...


Guardo o sonho na calma
serena do poente
não quero de mim o sonho
ausente.
O tempo é amargo
saudade é o que trago
e o que sinto, enquanto
a noite desce e o dia finda
em breve o silêncio se instala
e a lembrança vem comigo
à fala.
Traz-me a alegria viva
ou o a tristeza cinzenta
lembra-me os passos que dei
e tudo a saudade inventa,
ignoro por onde andei
até que aqui cheguei
já a noite desce e o dia finda
mas o sonho encanta-me ainda.

Efémera a juventude
como uma flor que desabrochou e morreu
meus dedos reconhecem-lhe a ausência
e amiúde, choram por mim,
o tempo roubou o sentido
e de solidão a vida encheu
levo horas vazias
já a luz se desvanece
voam meus olhos em busca da alegria
mas logo a saudade aparece
e traz com ela a nostalgia.

natalia nuno
rosafogo

5 comentários:

  1. Olá Natália,

    Alma dessossegada, irrequieta, mas é assim que ela voa e canta maravilhas!

    E por mais que as palavras clamem alguma amargura, mesmo assim me passeio nelas tirando delas toda a ternura!

    É como navegar num rio cuja nascente é inesgotável. Teus poemas com suas características peculiares são únicos!

    Pese embora a nostalgia se faça anunciar em teus poemas, tem por detrás uma alma cuja força é realmente digna de realce!

    Nunca deixes esmorecer essa força, pois quando assim acontece tudo na vida fica mais fácil de vencer!

    Espero que esteja tudo bem contigo e todos os teus. Não tenho vindo por cá como gostaria, mas as contingências da vida assim vão ditando as regras!

    Parece que o luso sempre vai ficar para trás!

    Beijos

    João

    ResponderEliminar
  2. Olá João

    O vento não vai de feição na vida de ninguém, talvez de muito poucos, a cada dia surgem novos problemas e essa força que achas que eu tenho, também vai esmorecendo e não é fácil quando esses problemas acabam por os atingir também.
    Daí que a escrita seja também ela um escape, um refugio e uma necessidade.
    Agora uma novidade que aindanão te disse, fui convidada por um jornalista e escritor romeno a fazer uma antologia só minha na Universidade de Bucareste com hipótese de ser traduzida em sueco também...por um lado deixa-me entusiasmada e feliz e o prémio é de facto ter tido a atenção por parte de quem nem é do país, por outro acho que já não vale a pena andar a meter-me nestas coisas...mas cortar as pernas à poesia também não é fácil, vamos ver, ando a pensar nisso, dado que também tem custos como é lógico.
    Agradeço-te mais uma vez as tuas palavras que vem sempre em momentos que delas necessito, bem hajas.
    Desejo que estejas bem

    beijinho

    ResponderEliminar