quinta-feira, 27 de setembro de 2012

vou amar-te assim...




entra o sol pelas vidraças
sinto o calor quando me
abraças
o silêncio aumenta
à nossa volta
e o amor se solta
sinto teu coração bater
aos meus ouvidos
fecho os olhos
despertos tenho os sentidos
sinto o desejo a queimar-me
vejo que me olhas
de palpebras semi-cerradas
o tempo não conta para mim
e a luz do sol é mais forte
vais amar-me
vou amar-te assim
até à morte

sem amor
a vida não tem significado
volto ao ponto de partida
ou terei sonhado?
sinto que o sol me aquece
ele que entra pelas vidraças
ou o calor  será
porque me abraças?
ou serão imagens da minha
imaginação?
mas hoje o tempo não conta não!

rosafogo
natalia nuno
imagem  da net
27/09/2012 S. Pedro do Sul


domingo, 23 de setembro de 2012

ALGUÉM ME ABRIU OS BRAÇOS

H. Zabateri


Alguém me abriu os braços!
No umbral o vazio...
Me perturbam os passos,
nas minhas paredes o frio.
Afogo-me no tumulto que me invade,
solto a angustia de par em par,
visto-me de lembranças de saudade,
minhas asas prontas a quebrar.

Alguém me abriu os braços
Sonhos de regeneração sem par,
a buscar-me em noites longas de cansaços,
até que a aurora nos venha velar,
até que a manhã seja realidade,
deixando à tona de água a boiar,
o resto, do sonho e da saudade.

Abre-se a noite e a luz decai,
nada resta só lembranças,
passa o vento sobre as folhas lentamente,
revivo na memória o que não sai.
O coração agrilhoado dentro de si,
afadigado continuamente...
num vai vém a querer viver
aquilo que não vivi.

Alguém me abriu os braços,
de estranho mundo chegou,
para povoar minha solidão
com abraços...
Será sonho ou obsessão?

natalia nuno
rosafogo

poema de 2011
imagem da net

LABIRINTO



Um cão a latir
a uma rua daqui
a rasgar-me a tranquilidade
e a lua a surgir
brilhando de felicidade.
Abeira-se das casas
um bando de morcegos
guinchando, batendo as asas
enxotando meus sossegos,
e a noite acorda mil ecos
não se importa de me incomodar
as ruas desertas, as almas são becos
cuja presença é difícil ignorar.

Minhas mãos adormecidas,
arranco-as das garras do esquecimento,
ouço badaladas de despedidas
asas negras é o sentimento.
Martela-me no peito o coração,
a chuva desaba sobre os telhados,
meu olhar vago, em engelhada solidão.
Sonhos magoados...estropiados...
ruínas, onde não habita ninguém
nem lágrimas, nem gritos,
apenas ecos vindos do além.

rosafogo
natalia nuno
imagem da net