quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

sonhando de novo...




estendo a manteiga,
numa fatia de pão
faço chá, com casca de limão,
os pedaços de pão que levo à boca,
são coisa pouca...
tão pequenos quanto eu.
meu rosto reflecte vários
sentimentos,
estou no céu...no meu céu!
tendo esta saudade presente
de quando era dez réis de gente.

extasio-me diante das brasas
da lareira,
o fumo provoca cegueira,
os olhos fazem arder!
dou uma olhadela ao relógio
e relaxo com prazer...

que quadro realista,
voltar à antiga cozinha...
por mais que o sonho insista
não regresso sem ver os parentes,
que por ora estão ausentes,
irei à horta das traseiras,
onde passei manhãs inteiras
a ver crescer os gerâneos
e as margaridas,
curarei da saudade
e suas feridas.

exala um aroma fresco e amargo
da folhagem que sussurra,
e  meu sonho não largo,
sem uma ponta de amargura.
na saboneteira
resta ainda um pouco de sabão,
o santo na cómoda carunchosa
e é tanto o amor
que meu coração,
fica pregado ao chão...

as vidraças têm os caixilhos negros,
já não ouvem minha voz, nem minhas
aventuras,
já não lhes conto segredos...
por preço algum deixaria de sonhar,
meu rosto fresco e são
cantarolando baixinho,
neste meu amado cantinho
que bela recordação...

Impossível melhor coisa p'ra lembrar..

natalia nuno
rosafogo
imagem da net





2 comentários:

  1. Olá amiga Natália, um quadro longínquo que não mais voltará, mas as doces recordações estão gravadas na alma. Lindo poema com aroma de saudade. Beijos com carinho

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  2. Olá querida Rosinha, é bem verdade voltar não volta este tempo que recordo, mas também apagado não está de todo.

    Beijinho para ti, tudo bom.

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