sexta-feira, 9 de novembro de 2012

p'la calada da noite



anda o vento rumorejando
por perto
traz a madrugada p'la mão
e eu trago a emoção bem dentro,
dentro do coração.
há pétalas a abrir
nas pálpebras da primavera
e ainda que me doa,
o tempo por mim não espera.
levo na boca o gosto a terra,
nos lábios a palavra liberdade,
sou garça a deslizar...
na campina da saudade.

levo nos olhos a voz dos pinheiros
e as mãos a rirem da morte
a brisa no rosto...e eu gosto
e parto à sorte!

levo poemas de amor
e alguns versos nus
nada acrescento à dor
da escuridão se fará luz

ando de pé sobre o tempo
há quem diga que morri!
deixei meu canto em Setembro
é inútil o  pranto aqui.
do poema já me arrependo
mas foi um instante achado,
nas veredas desta vida...
e depois de terminado,
ficarei de mim esquecida.

tão já sem nada...
é agora uma da madrugada
e o poema me devorando
e o vento aqui tão perto,
rumorejando
pela calada...

natalia nuno
rosafogo

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