segunda-feira, 23 de julho de 2012

só o rio corre...


Há silêncio nas molduras,
o tempo a sobrar.
Calaram-se as vozes,
o sono acabou por chegar.
Venturas e desventuras,
o tempo entristeceu,
a manhã jamais rompeu!
E um gemido se ouve,
nos pomares e hortas
onde vida já houve.
Agora só lembranças mortas.

Só o rio corre!

A lua chega sempre na hora certa,
o sino toca dá notícias de quem morre,
a aldeia deserta.
Só os cães ladram,
pressentindo a morte.
Ergue-se o silêncio dos que esperam
igual sorte.
Casas sem vida, portas cerradas,
com o tempo a sobrar.
Só as molduras caladas,
resistem ao vazio,
enquanto as noites descem.

Lá em baixo o rio,
e as ervas crescem,
onde a luz é mais forte,
e o lençol de linho embrulhou a morte.
O vento arranca as flores,
que se negam a abrir,
e para sempre as dores,
no peito a fluir.
Tudo se esconde no cinzento,
sem nenhuma forma ou beleza,
é tudo o que observo com tristeza,
e lamento.
Aproximo-me de mansinho...
Todos se foram,
há tanto tempo!
Só o rio corre…
Só ele não morre.
Vai chorando baixinho.




Ponte de Lima, 20/07/2012
natalia nuno
rosafogo






1 comentário:

  1. Olá Natália

    Olhos que outrora brilhavam
    Agora húmidos, entristecidos
    Por verem o que amavam
    Morrer no tempo esquecidos!

    Não adianta pensar na morte
    Seja em curvas ou linha recta
    Nem sequer cantar a má sorte
    Já que a mesma é coisa certa!

    Só importa o que plantamos
    Fugindo sempre das dores
    Viver para os que amamos
    Deixando sempre, amores

    No rio se lançam lamentos
    Que correm rumo ao mar
    Só não levam os tormentos
    Que teimam sempre em ficar!

    Quem da vida fez seu cantar
    E para ela olha com prazer
    A alma melhor sabe aceitar
    Não tendo medo de morrer!

    Portugal tem muitos lugares e coisas belas. Ponte de lima é uma tela de cores diversificadas, e qual delas, a mais bela!
    Beijo

    Pétala

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