quinta-feira, 28 de abril de 2011

UM POUCO DE PAZ



Deixo-me pelo silêncio fora
Não me obrigo
Nem aceito mais recados
Passou a hora!
Não quero mais por castigo
Ver  meus sonhos gorados.

Meus dias são folhas caindo
São gaivotas de asas quebradas
Bando de pássaros no céu sumindo
Minhas noites estrelas espantadas.

Sonhos, são caruma levada pelo vento
Vento que ouço a gemer
Saudade é meu sentimento
No rosto, há linhas a endurecer.

Ausenta-se meu olhar
No coração a mesma toada a bater
Procuro-me sem me alcançar
Renasço para em seguida morrer.
Me faço e desfaço
Me volto a rasgar
E o sonho me foge,
já não lhe apanho o passo
É como sombra a deslizar.

Desfolho palavras dum jeito só meu,
Hei-de gritá-las,
Hei-de chorá-las!
Porque o jeito de mim nasceu.
Nos meus sonhos guardadas
Em pedaços rasgadas.

Minhas vontades mirraram
São murmúrios de orações
Carcomidas ilusões
Que para sempre calaram.
Em jeito de quem implora
Quase num sussurro rouco
Meu coração só pede agora
Um pouco de paz! Um pouco!

Minhas memórias renascem do nada
Sou p'lo temporal da Vida levada.

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