terça-feira, 4 de maio de 2010

FALEM,FALEM...


Para quê tanta vozearia?!
Se estou à beira de quase nada
Sómente a solidão e mais um dia
E o velho abrigo da memória cansada.
Já o tempo em mim se perdera
E eu sorri mesmo com o dia feio
Mas o tempo só tristezas gera
Esqueço a mulher que se escondeu p'lo meio.

Espreito a gaveta dos retratos velhos
Como cisne, chega a hora, choro e canto.
Lembro a outra que se via aos espelhos,
Já a noite me cobre com seu triste manto.
Trago meus pulsos cansados
Dias partidos, gastos de sentimentos
Palavras gastas, gritos estrangulados

Caminho a passos lentos.

Sinto a morte a crescer lentamente
No meu corpo e eu ainda viva
Para quê ao meu redor tanta gente?!
Se não há gesto, nem embalo que me sirva!?

Falem, falem, digam o que lhes aprouver
Chamem-me louca, ou sombra de mim
Que hei-de ouvir-vos enquanto puder
Pois estando viva, me sinto morta sim!

rosafogo
natalia nuno

4 comentários:

  1. Olá Natália

    Não te sabia por aqui a espalhar a tua poesia de ternura, poesia de quem sabe o segredo das palavras!
    Fico muito feliz de também aqui te sentir perto de mim!
    Beijos

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  2. Falem, falem!
    Deixe-os falar, eles não sabem nem sonham...

    Li a passos lentos,
    E senti os gritos estrangulados.
    Magnifico poema!

    Bjs dos Alpes

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  3. É verdade Ausenda, de quando em quando, apetece-me partir como se duma viagem se tratasse.
    É muito bom e sinceramente não esperava encontrar-vos por aqui, tu e o Manu, fiquei feliz.
    beijinho amiga
    natalia

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