quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

estrelas já não alumiam...



tremem as madrugadas
com chuvas e trovões
e as vidas alagadas
sem sonhos, nem ilusões
desalentadas, ideias em desalinho
uma imensa ventania,
é a vida, em louco redemoinho.

adormecemos nesta sensaboria
somos como almas esquecidas
as labaredas já não inflamam 
o coração, e
as estrelas já não alumiam
a escuridão

trago no pensamento
uma tempestade
e no coração palavras de amor e saudade
que me regam a alma de ternura

os céus aclaram, boa ventura, 
engendra-se o amor por mais um dia
viver um pouco mais, ilumina-se o caminho
e o sonho rodopia
e tudo que sonhei rodopia.


natalia nuno
imagem pinterest






sem trégua...



sento-me nesta tarde a tocar a noite, e vou dialogando comigo própria como se quisesse adivinhar o caminho ainda por descobrir, percorro algum passado e vejo-me sempre a sorrir, na criança encantada que ainda me vem seduzir...nada nem ninguém destrói essa imagem, tão perto de mim e tão perdida, penetra-me, mas logo me abandona e a saudade vem à tona, e o frio da vida surge e, logo asfixia...já não aguento o vazio das horas, nem suporto a solidão, os sonhos são migalhas de pão que me separam da morte, estou só, neste comprido corredor, já nada tenho, nem  dor, nem grandes palavras onde me possa refugiar

- escuto o desagregar...


nnuno

imagem pinterest

domingo, 14 de dezembro de 2025

palavras sonâmbulas...



como o celeiro abriga o trigo, o coração abriga a saudade, que é uma mistura de amor e ternura,  de afecto, vindo do passado, que arrecado e não deixo passar ao lado, trago na bagagem a memória do que vivi, o que ainda me estimula, e é uma mais valia enquanto a mente funciona... mesmo seguindo sendo eu mesma, à minha frente uma neblina fosca, que me deixa na dúvida, e me põe a caminhar por ruas estreitas, incertas, onde a única certeza, é a vontade que tenho de não me deixar desabar, enquanto restar uma última esperança,.. aguento o vazio das horas, há nelas sentimentos inexplicáveis, que se vão perdendo sem me aperceber, mas que ainda me molham o peito e fazem doer...quero mergulhar no sonho, sentir a correnteza de mansinho, quero depois estar do lado da vida...por vezes minha cabeça trago confusa, porque a torturante saudade se faz acompanhar de ansiedade crescente...

natalia nuno