sábado, 12 de abril de 2025

saudade de ti...

entediante é o vazio da vida
nem o céu azul é mais azul
na lembrança nada passa,
dói a memória perdida
 
a juventude ao longe,
as palavras estão gastas
a companhia é o silêncio
e a visão dum mundo perdido
quando de mim te afastas

fico à tua espera
ameaça-me a incerteza
da última vez,
quem sabe amanhã talvez,
procures em meu coração
um abrigo

escrevo-te palavras com suavidade
e as semeio ao vento
nas lentas e frias madrugadas,
quando do tempo vivido
- só resta saudade!

no pensamento 
inúteis palavras caladas.

natalia nuno

quinta-feira, 10 de abril de 2025

firmeza de seguir...



olho os oiros velhos
no horizonte
é hora de magia
cantam as águas na fonte
aguardo a chegada da noite
e assim me despeço de mais um dia

estamos sempre a começar
passeio os olhos pela vastidão
abro asas e, como gaivota
aceito o destino e continuo
a voar
ou serei gaivota sem destino
demasiado velha para voar
vou ficar vou partir?
se a vida se impõe
o destino é para cumprir

destinei caminhos a percorrer
o que me vai na alma, quem
quer saber?

quando o sol começa a descer
um frio silêncio me aguarda
e a saudade não tarda

natalia nuno


cativa das memórias...

tão perto a noite agressora
um gume frio despoja-me 
do sono
mesquinho deixa-me ao abandono
surgem sombras pavorosas,
obscuras horas
rostos com aversão
nem alento me traz a recordação

penso que a vida 
também foi de verdade
quando o coração parecia um deus
hoje, ainda me dá saudade!

saudade do que já não volta
saudade do que deixou nostálgico
sabor
repasso de novo as lembranças
do amor

amanhã é sempre perto
para quem tem caminho feito
e sempre longe, para quem anda
de sonhos coberto

sento-me nos degraus da fantasia
a debruar sonhos
trago um cofre de lembranças
no peito,
olho a luz de dias risonhos,
existo num lugar sem tempo
onde me desconheço

dentro do sonho caminharei
até que se faça de madrugada
ou até que me seja a memória
- apagada!

natalia nuno



melancolia...



cobre-se a noite de veludo
no meu peito a melancolia
as estrelas alumiando tudo
e eu à espera dum novo dia

já a luz entra pela janela
logo o vento dobra a cortina
a madrugada vem tão bela
quisera ser, sempre menina

esta luz nos olhos me cega
custa-me encarar a realidade
e logo a vida que me pega
sou só, levo comigo saudade

cá dentro da memória vai
e vem um sonho vadio,
o peso do tempo se esvai
o coração é espaço vazio.

o dia sempre amanhece
e me enebria de prazer
na noite saudade acontece
mais o q' tem de acontecer.

natalia nuno

terça-feira, 8 de abril de 2025

inquietude...



são cinzentas as certezas
dos dias iguais
a mente se distancia
ao que não retorna mais

no calor dos sonhos
surge a fantasia
mas no rosto indolente
o tédio pendura-se dia a dia

tudo é irreal e incerto
na noite eterna e muda
nos relógios d'outras horas
ficou o passado
e a saudade em mim que não
desgruda

Cai névoa no olhar
lembro pegadas distantes
ouço o pesar
do coração a todos os instantes
vencido e resignado

regresso ao fundo da memória
invento-me como outrora
velha fogueira que reacende
fogo, do fogo
que ninguém entende.

natalia nuno