sábado, 27 de fevereiro de 2021

vou acender a lareira...



vou acender a lareira
fazer a reconciliação com o tempo
e deixar-me engravidar de saudade
lembrar daquela lareira pequenina
onde eu menina me sentava a comer as migas
de café...
depois dum dia frio mas ensolarado
onde me deixava baloiçar ao sol
horas a fio.
faço uma pausa recomponho-me
aqui não há cheio nem vazio
calor ou frio
há somente uma torrente de recordações
que vão desmonorando com o caminhar já longo
sardinheiras em flor, águas que me falam d'amor
papoilas de abraços que ainda me seguem os passos
e tudo tem uma razão, tudo faz ninho em meu coração
visto-me de auroras, agasalho-me nos poentes
e assim, as horas passam-me indiferentes
vêm as rôlas, as cotovias
e os melros que poisam nas malvasias
ouço as enxadas de sol a sol
e morro no tempo a saber-me viva
afrouxam os dias, e eu semeio versos
crepita a saudade da terra e do pão
e em mim cresce a solidão...

natalia nuno
rosafogo





3 comentários:

" R y k @ r d o " disse...


Poema lindíssimo que me fascinou ler. Elogio a inspiração e criatividade poética.
.
Feliz fim de semana.
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Roselia Bezerra disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Roselia Bezerra disse...

Sardinheiras em flor...

Olá, querida amiga Natália!
Que lindas você usa suas poéticas comparações nos versos!
Uma pérola ao nosso coração passar por aqui.
Esteja bem, amiga, proteja-se!
Beijinhos, saúde e preces