quarta-feira, 13 de agosto de 2025

poema sem poesia...




a saudade senta-se 
na soleira da porta
esperei por ela desde a primeira
estrela
debruçada na janela, a vê-la
cansada, chegar quase morta.

trouxe-me as emoções
do costume
que me enternecem,
lembrando tempo das ilusões
como magoar-me quisessem

vi-me criança a crescer
com sonhos pendurados
na lua
até o dia nascer

sonhos que ficaram 
por lá sem me aperceber
nas asas dum tentilhão,
que hoje ainda canta
na minha solidão

e a noite demora-se
na minha cabeça
até as acácias darem flor,
no silêncio a saudade
a curar minha dor!
sempre sentada na soleira 
da porta
a cada dia dói mais
a saudade, e eu quase morta

neste poema sem poesia
falhei como criadora
hoje em mim a nostalgia
porque a saudade foi embora

natalia nuno
imagem pinterest




domingo, 10 de agosto de 2025

duelo...

 

meu esquecimento está
num duelo
sem saber se esquecer o passado ou
o futuro
passado, poderá esquecê-lo
que é remota luz e já escapa
é esta a realidade!
ou o que há-de vir,
- que se prevê duro
e de saudade 

por um instante sinto o latejar
do tempo
vejo a solidão das árvores
tão igual à minha,
minhas visões cada vez mais quebradas
e a vida sem caminho,
- pouco caminha!

nasci no meu próprio abraço
trouxe comigo a luz dum sonho
confio à linha da mão meu passo
decifro nela o viver e o morrer

e aceito a dor da saudade que me
percorre  a pele
fadário que é viver de veneno e mel
faz já parte de mim e eu a ignoro

minha memória é um caudal 
de lembranças,
onde sonhos se vestem de plumagem
neles brincam crianças
e uma delas, sempre é minha imagem.

natalia nuno
imagem pinterest