às vezes olho a paisagem
como quem olha quase
com um adeus definitivo,
com a nostalgia do passeante
solitário, que dela é amante.
olho tudo onde minha vida ardeu
como se fosse o último encontro
olho as ruas soalheiras
e ainda ouço o passo teu
surgem as recordações do começo
na minha impávida memória,
e ainda nelas me reconheço,
leio as gastas cartas de amor
que fazem parte da nossa história
nos rostos que se cruzam,
rememorando vejo o teu e o meu
agora, com o ar cansado dos velhos
quando nos olhamos nos espelhos
o tempo passou sem piedade,
envoltos em esperança
invade-nos a saudade
- é o desejo d' amar!
o coração não se rende
ainda à vida nos prende.
natalia nuno
rosafogo