esta minha vida inteira
é agora um céu de sóis furtivos
sem constelações alegres
nem sonhos vivos.
trago os sentidos sobressaltados
numa inquietude que me arrasta
para uma obscura solidão,
turva a minha visão
e leva-me p'la mão.
faz-se sentir o peso dos dias
não é fácil deter o tempo fugitivo
nem o desassossego que ferve
em meu coração,
e assim vivo
com lavareda que me cega
e o esquecimento já me pega.
já não sei, se é o tempo que me ensombra
ou a mente que não quer recordar,
ou os anos sombrios que descendem
sobre a minha orfandade
em momentos de saudade.
natalia nuno
roafogo
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