segunda-feira, 10 de outubro de 2022

no regaço da noite...

 



algo mudou repentinamente

e o tempo vai desvanecendo

obscura e até emudecida a mente
arranhadas memórias vai vivendo

como ressuscitar a felicidade?
por atalho de sonhos vislumbrados?
nos versos de outono a saudade
memórias dos tempos passados.

meus olhos abrem-se ao vazio
à impiedade dum destino a findar
a emoção na m'escrita é agora fastio
as palavras obsessão  que não sei calar.
silencio e inquietação, fico muda
brota do silêncio realidade profunda
a vida ainda conspira faço-me surda
em mim a desmemória já abunda.

senti quão próximo a morte m' espera
deixando talhada a tristeza no olhar
lê os meus sonhos e a alma desespera
obscuridade que de mim se quer acercar.

natalia nuno

domingo, 9 de outubro de 2022

tudo o que resta...


florescem poemas florescem
nas minhas mãos tão cansadas,
descem até mim, eles descem
no meu rosto são longas estradas,
transbordam de sentimento
galgam distâncias como raios,
são agora frios Dezembros
mas, já foram floridos Maios.

florescem poemas caídos dos céus
que vão transformando em ilusão
sonhos inacabados, teus e meus!
neste declive rápido do coração.

florescem poemas em encrespado vento
com sua música atordoante, ou
dulcíssimo canto que chega ao pensamento,
salmodia da vida já tão arquejante.
e este corpo lento que se devora
onde já não existe medo, só nostalgia,
e o rosto onde nem é noite nem dia
onde um silêncio humilde se arvora.
é tudo o que resta.

natalia nuno