não há hora para escrever perfeita
nem já há passos decididos,
porém a vida está feita
e os sonhos perdidos.
não dá para pensar em regresso
chegou a última paragem
da viagem
à vida nada mais peço,
paro e olho-me no espelho
espelho embaciado,
que de tão velho,
nem ouve meu coração acelerado.
não quero perder o sol-pôr
nem olhar atrás que me causa dor.
faço o balanço da viagem
volto à beleza das coisas simples,
e ganho alguma coragem
neste meu caminhar profundo
as palavras resvalam perante os dedos
como que a extinguirem-se num sonho maior
enquanto me apresso a arrebatá-las com amor.
natalia nuno
rosafogo