sábado, 23 de outubro de 2021

rosas brancas em atados laços...


olho as mulheres cansadas de andar,
trazem no rosto o abismo da solidão
laboriosas a vida inteira sem parar
no sorriso já não existe emoção.

não tiveram asas, todos os sonhos,
vão pedindo á vida dias melhores
basta-lhes  olhar os filhos risonhos
e assim vão esquecendo as dores.

todo o caminho é um terço rezado
de cansaços,
flores onde o aroma já não tem perfume
rosas brancas em atados laços
a quem ninguém ouve um queixume.
é inútil esperar por melhor,
e se a vida tece algum laço d'amor,
depressa o desfaz e lhe causa dor.
na palpitação das horas
o sonho anda ausente
o desgaste é ferida dolente
urdida de tédio,
a vida é assim, não tem remédio!
é o sacudir da vida que chegou,
é a vida feita em pedaços
é um terço rezado de cansaços
já foram bonitas, foram primavera
rosas brancas em atados laços,
agora, nos dias menos amargos
ainda vibra uma labareda...

natalia nuno




quarta-feira, 20 de outubro de 2021

viver é bom demais...



meço a dor e o pranto
pela mesma medida
o amor a quem quero tanto
e a vida que me vai de fugida.
um sonho belo e vago
um beijo dos teus lábios
mesmo discreto, é bom demais,
esse desejo em mim trago
ébria d`amor vou suspirando ais.

uma noite como esta, de breu
lembro tudo o que ficou para trás,
meço a dor e o pranto meu
apenas ambiciono paz!
o pensamento tem força
mas nem sempre razão
às vezes, põe cinzento o coração.

encosto o peito ao peitoril da janela
olho o céu que me cobria de felicidade,
esse céu que me entrava pelas vidraças
que saudade... da estrela do norte, só eu e ela,
ai dor da saudade, quanto me amassas!
aguardo pelas neblinas matinais
ainda espero viver, 
viver é bom demais.

natália nuno
rosafogo
este poema foi começado em Abril
de 2006, hoje criei o final.



versos soltos...



eu sonho e sou livre
tão livre como criança
que em mim vive,
mesmo se a idade avança

o vento poderá estar
contra mim
mas levarei a esperança
até ao fim...

sou um ser de paixão
não me deixo vencer
saudade trago no coração
que vive e me deixa viver

tenho alma de menina
e um rosto sem nome
trago no olhar a sina
de poesia, a sede e fome!

no grito trago Poesias
nas olheiras trago idade
do desgaste dos meus dias
onde morro de saudade.

trago uma rosa ao peito
morrer é coisa certa!
com poesia me ajeito,
a garganta já se m´ aperta.

poemas sempre existem
foi sonhando que os criei
os sonhos, persistem?!
na solidão os  amarei.

natalia nuno
rosafogo
11/1988