quando o poema acontece
é sempre um acontecimento
os olhos não perguntam nada,
nasce nas dobras do pensamento
e da minha mão fatigada
dos sonhos correndo atrás,
quando é vasto o amor no coração
que apenas quer amar e ter paz!
quando o poema acontece
vai nascendo numa parede nua,
e é sempre entrega e adoração
é Avé Maria quando chega a lua,
é noite e é escuridão,
é sede infinita é tempo em que os olhos
choram, é a velhice que nos grita
é a vida apenas, ou só ilusão.
há poemas que me amam cruelmente
outros há que em mim se enlaçam
outros doem-me eternamente
outros ainda, onde minhas lembranças passam
vou desfiando neles a recordação
ao amanhecer, mais à tarde e ao anoitecer
o poema acontece, mas pode morrer!
morre e vestígio não deixa
morre sem lei, nele se fecha
se ele morre, eu também morrerei.
natalia nuno
rosafogo
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