domingo, 15 de novembro de 2020

resta viver de saudade...



o sonho é vã quimera
à espiga murcha se assemelha
tenho a velhice à minha espera
quem lhe disse 
que queria ser velha?!
miragem e sonho meu
diz-me que não é verdade
que nada aconteceu,
no rosto, apenas trago  saudade.

as árvores ficam de pé
e eu não quero cair ao chão
morrerei se não tiver força, nem fé
brinca o sol no além e eu sem ele,
no coração.

trago minhas mãos pesadas
das linhas que nelas correm
dos anéis andam cansadas
hão-de morrer, 
eles não morrem!
olho antigas fotografias
nas quais eu sou tão jovem
e é certo que nestes dias
com saudade, meus olhos chovem.
enxergo raios de luar, mas vejo meu rosto triste, 
já não sei se sorri ou não
só sei que no peito, ainda bate o
coração disposto a amar.

espio o fundo do meu ser
para ver se resta alguma vontade
de alma vazia, não quero viver
resta viver da saudade.

natalia nuno



julgo entender, ou talvez não!



esvoaça louco meu coração
partiu, para onde não sei!
só sei que de amor sofreu desilusão
mandei que ignorasse o amor
e de novo me enfeitei
esqueci o amargor
logo outro mor encontrei.

guardei-o só para mim
tapei-o com folhas de outono
assim chegados ao fim
apenas teria um dono.

mas que ideia foi a  minha
querer mantê-lo nesta prisão
mas quem é que adivinha?!
quanto sofre o amor no coração.

julgo entender, ou talvez não!

natália nuno
este poema faz parte dos primeiros
que criei há bons anos (2001)