quarta-feira, 3 de abril de 2019

do sonho cativa...



hoje sente-se um lírio numa jarra
sem água, o dia sombrio chorando
de mágoa, vê passar
a última garça da tarde e sorri
quem lhe dera também esvoaçar
o campo dormita e a noite já se agita,
e a rapariga de outrora recorda
o seu reino, das romanzeiras abrindo
das laranjeiras florindo
e como um véu bordado os insectos
abeirando-se da hera,
e o rouxinol com seus trinados... ouvir, quem lhe dera!
abandona o corpo ao sossego
vai ouvindo os queixumes das canas ao vento
como canção de embalar o céu...
passam nuvens solitárias no  cinzento quase breu
e ela sonha-se ágil por entre as campainhas
silvestres, bela de laços e fitas, ali, vizinhas
as violetas em silêncio, e ela de pálpebras
pesadas, reclina a cabeça, como o sol nos montes
enquanto o luar ilumina o frio cantar das fontes

sonha, vai perdida, regressa com a paz aprendida,
falando sem palavras, sempre do sonho cativa...

natalia nuno
rosafogo
imagem da net