Abrem-se sulcos no rosto
o tempo acumula-se amadurecido
o sorriso perdido
onde não resta nem brilho no olhar
e é já sol-posto.
os mares dos olhos secaram
as lágrimas a recolher-se
eles que tanto sorriram
trazem rios de nostalgia a esconder-se
a lição repetida
vive-se de sonho e ilusão
o coração não sara
e o tempo não pára!
na moldura dourada amor vivido
por nós jamais esquecido
a saudade faz-se antecipação
vangloria-se o tempo campeão.
volto à raiz de mim
às coisas que não esqueço
e não me reconheço!
interpelo o espelho
que nada esconde
também ele velho.
e às perguntas
nem um ai me responde,
o tempo abutre ou serpente
a vida eterno trovejar
morrendo continuamente
e nascendo a cada instante
num gesto ou num olhar
o peito trovejando
numa raiva feroz
e a vida passando
como raio veloz,
rasgando-o sem dó,
noite negra sem rumo
sequiosa, desatando o nó
desfazendo-se em fumo.
natalia nuno
rosafogo