palavras escritas com o coração, em qualquer verso está vazada a saudade poética que a memória canta. A fascinação pelo campo, o idílio das águas, a inquietação o sonho, a ternura o desencanto e a luz, toda uma bagagem poética donde sobressai o sentimento saudade... motivo predilecto da poeta. visite-me também em: http://flortriste1943.blogs.sapo.pt/
sábado, 13 de setembro de 2014
Luz boreal...
Abria-se a escuridão da noite
nas ramagens o rumor do vento
ao abandono nossos corpos nus
numa entrega como flores ao relento
lá fora a vida levando sua cruz
tu eras o vento que me açoitava
o interminável sol que me aquecia
eu a flor que por ti brotava
feliz até ver nascer o novo dia
sempre o amor com intensidade
nas mãos hoje, gestos de saudade
Carícias como nuvens brancas perdidas
pairando sobre nossos corpos
depois a doçura dos silêncios,
das horas enlouquecidas
resta ainda uma indelével frescura
cascatas de risos e ternura...
cada dia mais viva esta magia
tanta era a emoção no caminhar
hoje a recordação em mim irradia
como a luz boreal que noite e dia
é presença ditosa no nosso olhar.
natalia nuno
rosafogo
Noruega 7/2014
espero-te...
ESTE SONETO FOI-ME DEDICADO PELO JORGE SANTOS
Um soneto dedicado a quem me fez duas criticas positivas a minha simples poesia, espero que gostes.
ESPERO-TE
Espero-te... num deserto fecundo e perdido agora,
Entre séculos dolentos de uma servidão que não entendo,
Onde exististe sem viver, num mundo que emendo,
Em que me deste tanto do teu tão pouco, quando te foste embora...
Entre séculos dolentos de uma servidão que não entendo,
Onde exististe sem viver, num mundo que emendo,
Em que me deste tanto do teu tão pouco, quando te foste embora...
Espero-te... onde a demência é sã e nela vou lendo,
Que a plácida flor do alento também chora,
Indulgente no seu caminhar, pois de amar é hora,
Dirimindo o murmúrio das pétalas doendo...
Que a plácida flor do alento também chora,
Indulgente no seu caminhar, pois de amar é hora,
Dirimindo o murmúrio das pétalas doendo...
Espero-te... onde esse sorriso enxuga a lágrima que pendo,
E a pena amordaçada que já não demora,
A sussurrar o prenúncio do sudário onde me estendo...
E a pena amordaçada que já não demora,
A sussurrar o prenúncio do sudário onde me estendo...
Espero-te... num tempo d’outro universo, onde mora
A esperança que vai murchando, e a vida morrendo
Na beleza das palavras que o próprio poeta ignora...
A esperança que vai murchando, e a vida morrendo
Na beleza das palavras que o próprio poeta ignora...
Autor: Jorge Santos
Poeta da minha terra...obrigada Jorge
quinta-feira, 11 de setembro de 2014
sobre o tapete...
sobre o tapete
com que prazer os corpos
se amavam
na intimidade que dissipava
qualquer barreira
numa audácia de dizer não aos preconceitos
ali onde o amor fechava
os olhos, e oferecia uma
linguagem nova,
no ar o odor da flor
agigantavam-se as asas do desejo
e tudo...tudo era amor.
Os olhos revelavam o querer
e no calor dum beijo
o tempo era uma infinidade
no rosto o assombro da novidade
no teu redobrada fascinação
e as insistentes palavras finais...
Amo-te...Amo-te cada dia mais
natalia nuno
rosafogo
domingo, 7 de setembro de 2014
meu povo...
A tarde desvanece e o povo
adormece...no rescaldo da vida
no rosto uma expressão perdida
a vida que se evade, a terra ao abandono
o último pássaro adormece
na copa do loureiro,
o rio em movimento
e no coração das gentes o estremecimento
como será o amanhã? E uma inquietude
sem fim...
Dorme com o velho sonho
que será feliz ainda assim...
Com o que lhe resta, segue em frente
é preciso que o corpo obedeça
mesmo que já não tenha onde ir
nem lhe interesse o porvir,
a terra será seu sonho sem tamanho
o que sabe da vida é sua fortaleza
e da terra o amanho
dos pássaros conhece os trinados
tudo sabe das luas, dos ventos, das estações
cansados, cansados de tanto saber
do plantio, da rega, da apanha, da entrega
da velha arte, do ofício... sem ilusões,
sua existência é feita de sacrifício,
se já nem a dor faz sentido,
outra vida poderiam ter tido?
Privado de tantos prazeres que outros têm à mão
levou a vida cavando a terra
um dia parte leva cicatrizes e
solidão e descansa finalmente
no seu amado chão.
natália nuno
rosafogo