fechei-me dentro de portas
como concha adormecida
fechei todas as janelas
à tempestade da vida
detive todos os passos
coloquei pensamentos em ordem
dei um nó nos sonhos
no amor também fiz laços,
e pelo sim pelo não
tranquei o coração.
no caso de aparecer alguém
deixo um letreiro
hoje não estou p'ra ninguém.
dou o tempo por perdido
a vida flutua indecisa
tudo o que escrevi está dito
e o que vivi, a Deus agradecido.
falei a quem me ouvia
só o poema está aberto até
ao sol posto,
o sol que
ainda bate em meu rosto.
hoje não estou para ninguém
deixo um letreiro
no caso de aparecer alguém.
refugio-me antes que seja tarde
antes que esqueça quem sou de verdade
deixo a cortina entreaberta
para a distância encurtar
e a saudade não aumentar.
natalia nuno
rosafogo